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O Livro de Mórmon: Evidências Internas Parte I

Hebraísmos e outras formas literárias

Jornada de Fé fala da viagem realizada pelo Profeta Israelita chamado Leí e sua família no ano 600 a.C., e do seu êxodo partindo de Jerusalém, atravessando o deserto Arábico pela costa, e então para o Novo Mundo. Néfi, filho de Leí, começa o relato no ano 600 a.C., preservando-o ao gravá-lo em placas de metal. Mas, pela própria natureza de sua viagem para as Américas, a narrativa não veio a luz até a década de 1820, quando, por meio de revelação divina Joseph Smith foi guiado ao lugar onde as placas estavam escondidas, em uma colina no norte do estado de Nova Iorque. Das placas ele traduziu o Livro de Mórmon: Outro Testamento de Jesus Cristo.

Book of MormonO Livro de Mórmon contém o registro de diferentes povos pelo período de mil anos, harmonizados pelo resumo de um pai e um filho, Mórmon e Moroni, que viveram por volta do ano 400 d.C. O relato ressalta a visita de Jesus Cristo ao povo nefita nas Américas após a Sua ressurreição. Embora a descoberta de evidências arqueológicas da civilização nefita no Velho e no Novo Mundo está em seu inicio, uma quantidade razoável de avanços tem sido feitos no próprio texto que lança luz sobre suas antigas origens.

A primeira parte deste artigo apresenta alguns trechos de informações obtidas a partir do texto que apontam para a sua antiga configuração e os caracteres de sua língua original tal como indicado nas placas de metal por Nefitas e autores Jareditas.[1]

Uma das características mais distintas da linguagem no Livro de Mórmon é a tradução literal do que agora sabemos ser óbvios hebraísmos. Como o professor Donald W. Parry afirma: “Porque de alguma forma de hebraico foi utilizada entre os nefitas, o Livro de Mórmon se apresenta como um antigo livro hebraico—mesmo na sua tradução para o Inglês.”[2] Parry nos dá apenas um dos muitos exemplos do que é chamado de Parry nos dá apenas um dos muitos exemplos do que é chamado de amplificação plural. Ele explica que “a fim de ampliar ou enfatizar uma idéia, o hebraico bíblico às vezes usa um substantivo no plural quando o esperado seria um singular.” Aqui estão alguns exemplos

  • haverá derramamento de sangue (2 Néfi 1:12)
  • o entendimento dos filhos dos homens (Mosias 8:20)
  • condescendência para com os filhos dos homens (Jacó 4:7)
  • trabalharam com todo o afinco (Jacó 5:72)
  • grandes matanças pela espada (1 Néfi 12:2)[3]

Em seu trabalho sobre os Manuscritos Originais e a Publicação, Royal Skousen descobriu uma expressão frequente que parece ser realmente Inglês, mas faz todo o sentido em hebraico:

No texto original do Livro de Mórmon, encontramos um certo número de ocorrências de uma forma condicional hebraica. No Inglês nós temos cláusulas condicionais como “se você vier, eu irei,” com o então sendo opcional. Em hebraico esta mesma cláusula é expressa como “se você vier e eu virei.” No texto original do Livro de Mórmon, havia pelo menos 14 ocorrências desta expressão que não pertence a língua inglesa.

Sete exemplos impressionante disto são encontrados em uma passagem do manuscrito original, Helamã 12:13-21, como detalhado por Skousen:

  • 13 Sim, e se ele diz à Terra—Move-te—ela se move
  • 14 Sim, e se ele diz à Terra— Volta para trás, a fim de que se prolongue o dia por muitas horas—isso é feito . . .
  • 16 E eis também que se ele diz às águas do grande abismo— Secai—assim sucede
  • 17 Eis que se diz a esta montanha—Ergue-te e vai e cai sobre aquela cidade, para que seja soterrada—eis que assim sucede . . .
  • 19 E se o Senhor disser—Amaldiçoado sejas para que ninguém jamais te encontre a partir deste dia—eis que homem algum jamais o encontrará
  • 20 E eis que se o Senhor disser a um homem—Em virtude de tuas iniqüidades tu serás amaldiçoado para sempre—assim será
  • 21 E se o Senhor disser—Em virtude de tuas iniqüidades serás afastado de minha presença—ele fará com que assim suceda. [4]

Talvez a forma literária mais célebre do Livro de Mórmon é o quiasmo. Ela foi primeiramente descoberta no Livro de Mórmon por John W. Welch, enquanto ele estava em uma missão mórmon em Regensburg, Alemanha, quiasmo ou paralelismo poético é uma antiga forma hebraica de explicar uma idéia, onde as idéias são apresentadas em uma série de declarações e então repetidas com o primeiro sendo o ultimo. O tema central encontra-se, não surpreendentemente, no centro do quiasma.

Welch descreve o primeiro quiasmo que ele encontrou no Livro de Mórmon:

Eu acho que nunca teria encontrado isso através de meus próprios esforços intelectuais. Na verdade, eu provavelmente não teria encontrado nada, exceto pela particular tipografia naquela edição especial do Livro de Mórmon em alemão, onde as duas palavras centrais em Mosias 5:11 estavam empilhadas uma em cima da outra. Em uma boa composição tipográfica, nunca se deve empilhar palavras, no final de uma linha, por causa que uma pilha pode enganar o olho, uma vez que esse vai desde a extremidade de uma linha para o início da próxima. Mas enquanto lia a coluna esquerda desta página, as duas palavras Übertretung e Übertretung chamaram minha atenção (que a tradução alemã das duas palavras inglesas transgressão e transgridem tinha usado a mesma palavra). Eu imediatamente olhei na linha abaixo e vi a palavra ausgerottet (significando apagado) e na linha acima, mais uma vez, ausgerottet (apagado). E acima dela, linken Hand (mão esquerda) de Deus, e logo abaixo, linken Hand, de novo. O padrão quiástico nesta passagem apareceu instantaneamente, como se segue:

“E então acontecerá que aquele que não tomar sobre si o nome nome de Cristo deverá ser chamado por algum outro nome; portanto se encontrará à mão esquerda de Deus. E quisera que também vos lembrásseis de que este é o nome que eu disse que vos daria e que nunca seria apagado,a menos que o fosse devido a transgressão; portanto,”é aqui que as palavras marcam o ponto crucial, “tomai cuidado para não transgredirdes, a fim de que o nome não seja apagado de vosso coração. Digo-vos, I Quisera que vos lembrásseis de conservar sempre o nome escrito em vosso coração, , para que não vos encontreis à mão esquerda de Deus, mas para que ouçais e conheçais a voz pela qual sereis chamados, e também o nome pelo qual ele vos chamará.[5]

Hugh Nibley e outros fizeram uma extensa pesquisa sobre os nomes usados no Livro de Mórmon, alguns deles possuem raízes egípcias, enquanto outros possuem raízes semitas. O estudo desses nomes, um projeto conhecido como onomástica liderada do Livro de Mórmon de autoria do professor da BYU Paul Y. Hoskisson, está atualmente em curso.[6] Mas aqui temos uma intrigante observação feita pelo grande Hugh Nibley:

Há um nome que sempre deixou este escritor intrigado: Hermontes. Que nome! Não se parece nada com que tenha ouvido antes. . . . O que é Hermontes? Não é uma pessoa, é o nome usado para designar um lugar deserto, “que era infestada por animais selvagens e vorazes” (Alma 2:37). Imediatamente pensamos em Min (o bom e velho Amoron do Livro de Mórmon) de Hermonthis, o Pan egípcio, o Deus dos lugares e animais selvagens. Alguns explicam que o nome Hermonthis significa “Casa do Mês” (o bom e velho Manti do Livro de Mórmon!), referindo-se ao santuário da fronteira sul. “Mês” é o patrono da guerra e da colonização, e ao lado de Amom, Manti é o nome mais comum de pessoas e lugares no Livro de Mórmon. Seja qual for a real explicação, Hermontes não me intriga mais. Se os egípcios querem designar a parte selvagem do país como Hermonthis e assim também os Nefitas, não temos nada a ver com isso.[7]



[1] O Instituto de Estudos Religiosos Neal A. Maxwell já publicou vários livros que lançam uma luz sobre as antigas origens do Livro de Mórmon a partir de um único texto. Por exemplo, Daniel C. Peterson, Donald W. Parry, and John W. Welch, eds., Echoes and Evidences of the Book of Mormon (Provo, UT: FARMS, 2002); Noel B. Reynolds, ed., Book of Mormon Authorship: The Evidence for Ancient Origins; and Reynolds, ed., Book of of Mormon Authorship Revisited: New Light on Ancient Origins (Provo, UT: FARMS, 1997). The Institute’s flagship publication, now titled Diário do Livro de Mórmon e Outras Escrituras da Restauração, publicou muitos artigos ao longo dos anos que falam das evidências internas e externas.

[2] Donald W. Parry, “Hebraisms and Other Ancient Peculiarities in the Book of Mormon,” in Echoes and Evidences.

[3] Parry, “Hebraisms.”

[4] Royal Skousen, “The Original Language of the Book of Mormon: Upstate New York Dialect, King James English, or Hebrew?JBMS 3/1 (1994).

[5]John W. Welch, The Discovery of Chiasmus in the Book of Mormon: Forty Years Later,” JBMS 16/2 (2007). Since that time many parallelisms have been identified. See John W Welch, Chiasmus in Antiquity; e Donald W. Parry, Poetic Parallelisms in the Book of Mormon: The Complete Text Reformatted (Provo, UT: Neal A. Maxwell Institute, 2007).

[6] For an introduction to this project, see Paul Y. Hoskisson, “Seeking Agreement on the Meaning of Book of Mormon Names,” JBMS 9/1 (2000).

[7] Hugh Nibley, The Prophetic Book of Mormon, (Salt lake City, Deseret Book, 1989).